A traição financeira pode ser tão grave quanto uma relação extraconjugal e o maior motivo para muitos divórcios no país. Segundo uma pesquisa da SPC Brasil, o tema “finanças” é motivo de brigas para 45,6% dos casais.
Mas, e quando a transparência tem papel relevante na construção de relacionamentos para que não entre em choque com o conceito de privacidade? Existe um limite entre as informações que devem ser compartilhadas e as que podem ser omitidas?
Nem sempre os casais brasileiros conseguem ser totalmente francos e abertos. Ainda segundo a pesquisa, 51,1% das pessoas que moram com seus familiares acreditam que algum membro da família prejudica o equilíbrio do orçamento familiar. As pessoas lidam de formas diferentes com o dinheiro, mas como casal, também precisam manter a transparência das resoluções financeiras, especialmente se essas decisões impactam diretamente a vida de todos os integrantes da família.
Enquanto muitos casais preferem dividir os gastos e investimentos proporcionalmente aos seus ganhos, outros mantêm contas bancárias individuais ou direcionam a administração financeira para somente uma pessoa da relação.
Neste artigo, explicamos o que é traição financeira, destacamos os principais sinais que demonstram o início dessa postura tão prejudicial para os casamentos, os motivos pelos quais a infidelidade financeira acontece, as práticas mais comuns e como agir se acontecer isso em sua relação. Confira!
O que é traição financeira?
A traição financeira acontece quando uma das pessoas em uma relação esconde informações financeiras do outro. Segundo a pesquisa do SPC Brasil, 88,6% dos entrevistados afirmam que o cônjuge sabe o quanto eles ganham por mês. Desses, 59,7% dizem o valor exato, mas 28,9% informam apenas o valor aproximado.
Do total, 8,5% ainda admitem que o cônjuge não faz ideia do quanto eles ganham e os motivos são variados: 45,4% escondem porque sabem que o gasto pode gerar brigas ou conflitos com o parceiro. A individualidade também é uma das causas da falta de transparência financeira, pois 25% reservam uma parte do dinheiro para gastar como quiserem, e 15,3% não gostam de ter suas finanças controladas por outras pessoas.
Essa individualidade deve ser respeitada, mas quando a postura se torna prejudicial para a família, é preciso iniciar um diálogo franco com o cônjuge.
Veja aqui alguns sinais que demonstram o início da traição financeira:
- recibos de despesas ocultas;
- não compartilhar quais são os principais gastos da residência;
- extratos bancários e cartões de crédito desconhecidos;
- cobranças de terceiros sem que um dos cônjuges saiba a origem da dívida;
- falta de confiança em relação à capacidade de um dos cônjuges em lidar com finanças;
- conversas que sugerem movimentação de patrimônio sem explicar um motivo.
Por que a traição financeira acontece?
A traição financeira acontece principalmente por falta de diálogo entre os casais. Para evitar os desentendimentos, ou simplesmente para priorizar assuntos mais agradáveis, os casais tiram o dinheiro da pauta e tratam de assuntos financeiros somente em ocasiões realmente necessárias. Assim, muitos deles assumem essa postura em suas rotinas e não criam o hábito de conversar sobre as finanças.
Há também pessoas compulsivas, que gastam seu dinheiro sem pensar e quando percebem já não têm como resolver e, escondem as “provas” do seu ato impulsivo. Por isso, é importante conversar com o cônjuge sempre, a fim de evitar consequências mais danosas no futuro, como o endividamento e a perda de confiança na relação.
Outro fator importante é a falta de educação financeira da maioria das pessoas, que não mantém nenhuma forma de controle de suas receitas e despesas e precisa contar com a própria memória para entender “como o dinheiro acabou de repente”. Por isso, é importante tratar desse assunto desde o início da relação e também ensinar as crianças qual a importância da transparência e controle sobre os gastos.
Existem muitas ferramentas de controle de finanças pessoais, desde aplicativos, que podem ser facilmente baixados da Internet, até planilhas mais simples, ou o tradicional caderno para se anotar todas as entradas e saídas do dinheiro. É preciso controlar as finanças para saber como gastar melhor, lidar com desejos pessoais e suprir adequadamente as necessidades da casa e de bem-estar dos integrantes da família.
Quais são as principais práticas da infidelidade financeira?
A traição financeira acontece de várias formas, algumas mais graves que outras, mas todas muito prejudiciais para a convivência familiar, porque interferem diretamente em um requisito essencial para qualquer relação amorosa: a confiança. Veja a seguir algumas práticas características da infidelidade financeira:
- mentir sobre o salário;
- esconder dívidas;
- esconder a real situação financeira familiar;
- omitir o consumo pessoal e posturas compulsivas;
- omitir o recebimento de bônus, comissões extraordinárias e promoções;
- emprestar uma alta quantia a um familiar sem consultar o cônjuge;
- direcionar valores destinados ao pagamento de contas para compras pessoais;
- fazer empréstimos no banco sem conversar antes com o parceiro ou parceira.
Como recuperar a confiança após traição financeira?
Conversar sobre dinheiro é imprescindível, assim como deixar clara a real situação financeira a todos os integrantes da base familiar. As pessoas precisam discutir abertamente seus anseios de consumo, desejos de investimento e eventuais dívidas e insatisfações, de forma aberta e amigável.
Essa construção de uma relação financeira mais transparente está diretamente relacionada ao ato de falar a verdade em qualquer situação, sob qualquer circunstância, para evitar decepções e quebras de confiança.
Traçar os objetivos de crescimento e conquista juntos também é uma boa forma de exigir o comprometimento de todos. Por isso, tenha metas possíveis dentro do seu orçamento, mas estabeleça planos para alcançá-las que envolvam todos os integrantes da família. Assim, todos saberão que têm uma parcela de contribuição a cumprir.
O perdão da postura do outro pode ajudar a seguir em frente, mas reconquistar a confiança é um processo longo, que envolve responsabilidade, empenho e transparência. Por isso, compartilhar quais são as entradas e despesas do mês de forma clara e sempre tomar as decisões financeiras em casal é fundamental para a construção de uma relação sólida.
Que tal compartilhar este artigo e ajudar na orientação de pessoas que passam por essa situação de infidelidade financeira?